Branding. Por que em inglês?

No mundo da linguagem, as palavras são mais do que simples sinais; elas são portas para conceitos complexos e multifacetados. Quando escolhemos usar “Design” em inglês, estamos capturando a essência de um processo criativo e construtivo que vai além de “desenho” ou “projeto” em português. Da mesma forma, “Branding” não é apenas uma palavra, mas um universo de significados.

A palavra “Marca” tem seu valor, é claro. No Dicionário Michaelis, encontramos que “Marca” é:

“Nome, termo, expressão, desenho ou símbolo ou combinação desses elementos que serve para identificar a propriedade, a categoria e origem de mercadorias ou serviços de uma empresa e para diferenciá-los dos concorrentes; identificador da empresa ou do fabricante.”

No entanto, “Branding” no Cambridge Dictionary é definido como:

“A atividade de conectar um produto a um determinado nome, símbolo, etc. ou a características ou ideias específicas, a fim de fazer com que as pessoas o reconheçam e queiram comprá-lo.”

Aqui vemos a diferença: “Marca” identifica, enquanto “Branding” cria conexões profundas e duradouras. É a arte e a ciência de moldar percepções e cultivar associações poderosas.

No Brasil, o INPI define “Marca” como:

Marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. A marca registrada garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo no território nacional em seu ramo de atividade econômica. Ao mesmo tempo, sua percepção pelo consumidor pode resultar em agregação de valor aos produtos ou serviços.

Perceba, no entanto, que a percepção é a chave. E é exatamente aí que entra o Branding: no processo de transformar percepções, de moldar o imaginário coletivo.

É possível registrar uma marca, os sinais visuais. Não é possível registrar a percepção de uma marca.

Vale lembrar que a palavra “Marca” vem de “marka”, uma palavra germânica que significa “sinal”. A língua portuguesa, assim como muitas outras, evoluiu e integrou diversas palavras de origens distintas ao longo do tempo. Usar “Branding” é apenas mais um exemplo dessa contínua evolução linguística e integração de termos estrangeiros para expressar conceitos complexos de maneira precisa.

Portanto, a escolha entre “Branding” e “Marca” deve considerar o contexto e o público. “Branding” comunica de forma mais específica e completa o processo de criação e gestão da percepção de uma marca, enquanto “Marca” pode ser usada para se referir ao resultado desse processo. Ao falarmos de “Branding”, estamos explorando um território onde a sabedoria e a criatividade se encontram, onde cada escolha de palavra, cada símbolo, cada ação, constrói uma narrativa rica e inspiradora. É um convite para ver além do óbvio, para criar com propósito e para comunicar com clareza e profundidade.